Britânico manipula espaço público com suas esculturas


Eduardo Graça, Valor

“Vencedor do Prêmio Turner nos anos 1990 e uma das principais estrelas do universo das artes plásticas na Grã-Bretanha, o escultor Antony Gormley, de 61 anos, abre no sábado "Corpos Presentes - Still Being", sua primeira grande individual no Brasil. A exposição retrospectiva ocupa os três andares e o subsolo do Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo, com 11 obras, 50 maquetes, nove gravuras, 25 fotos e seis vídeos.

Depois de passar por Londres e Nova York, a instalação "Event Horizon" reúne 31 esculturas de homens nus (criadas no ateliê do artista a partir de seu próprio corpo) em tamanho real, espalhadas pelo Vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo, localizadas em beirais de prédios e no meio da praça.

A mostra fica em São Paulo até 15 de julho, seguindo depois para os CCBBs do Rio e de Brasília. Na mesma época, a mostra "Fatos e Sistemas - Facts and Systems" é inaugurada com obras de Gormley no espaço provisório da galeria britânica White Cube em São Paulo, com espaço localizado nas cercanias do Parque Ibirapuera. Em conversa com o Valor, Gormley falou da privatização do espaço público como um dos males sociais contemporâneos que o inspiram a seguir produzindo. Leia a seguir os principais trechos da conversa por telefone.

Valor: A última vez em que o senhor trabalhou no Brasil foi durante a ECO-92. É um outro país?

Antony Gormley: Nestes 20 anos o Brasil se transformou enormemente. A sensação de uma divisão total entre os miseráveis e os privilegiados era muito mais intensa. Lembro que no Rio foi assustador observar parte da população de fato removida do perímetro urbano para se garantir a segurança pública. A imagem dos helicópteros em parada militar sobre Copacabana, a polícia com as armas à mostra o tempo todo, foram impactantes. Recentemente voltei ao Rio por conta da mostra e andei pela primeira vez por algumas comunidades da zona sul da cidade, algo que seria impossível naquela época. Ou seja, de minha visão muito superficial, experimentei a mudança por que passa o Brasil em detalhes como a chegada da companhia de eletricidade a um dos morros no momento em que eu zanzava por lá.”
Entrevista Completa, ::Aqui::

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