Muito além do jardim

Jozef, Lars e Philip: os amigos 
em busca de sexo na Espanha

Matheus Pichonelli, CartaCapital

“Fosse a Disneylândia, seria até possível imaginar, no futuro, a chamada sobre uma “turminha da pesada em busca de confusão e muita aventura” na sessão da tarde. Só que a aventura – juntar os amigos numa van e viajar à Espanha em busca de prostitutas – não é exatamente a trama apropriada para o horário.

O roteiro já subverteria naturalmente a lógica dos filmes sobre a família ideal – em que os filhos se rebelam, quebram as convenções, saem de casa, sentem saudades e voltam amansados, arrependidos, cheios de lições sobre a importância da família, união e moral da história. Em Hasta La Vista o cineasta belga Geoffrey Enthoven tomou um caminho diferente. Não criou um bordel qualquer, mas um bordel idealizado para atender clientes com necessidades especiais. Reunidos numa van, três amigos portadores de deficiência driblam os pais na Bélgica e seguem em direção à terra dos prazeres – longe da bolha de (in) segurança e cuidados especiais. Philip é tetraplégico, Lars tem um tumor que compromete o movimento das pernas e Jozef é cego.

No princípio, o diretor parece forçar um estranhamento ao colocar um garoto tetraplégico falando sobre sexo. É como se o espectador tendesse a ver algo deslocado: ele será o primeiro a defender a dignidade do portador da doença, mas teria dificuldade em associá-lo a um ato físico de padrões definidos de estética e integridade.

É essa barreira que o diretor tenta quebrar a marretada. Tudo o que seus personagens não querem é ser motivo de pena. Não querem lugares específicos e adequados para sua suposta condição. Querem, na verdade, mas não só.”
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